- Cara, não vá.
Depois da terceira vez que escutei isto de três pessoas
diferentes, decidi que precisava mesmo ir.
Após meses sem notícias, soube que a última garota por quem
senti alguma coisa estaria em determinado bar em uma sexta-feira à noite.
Existiram garotas depois, mas nenhuma me fazia tão calorosamente estúpido como
ela.
Fiquei surpreso quando a vi. Seus cabelos negros, que sempre
me pareceram brilhantes, estavam sebosos. Antes, possuía um estilo para suas roupas entre o inesperado e o discreto, agora ela
estava vestida em uma combinação infeliz de bege-cinza. E seria possível que
tivesse engordado? Nunca havia notado a dobra na cintura sobre a calça. Chamar
seu nariz de exótico, como eu fazia, pareceu-me uma negação da realidade – e
como saía tão bem em fotos?!
Ela estava feliz com seus amigos. Conversamos brevemente,
sem lembrar o passado. Teríamos mudado tanto em tão pouco tempo? Talvez seja
mais assustador pensar que não mudamos em nada.
Após o choque da realidade,
não resta nem a saudade de um amor.