domingo, 16 de janeiro de 2011

Whispered in the sound of silence


Eu lembro que eu tinha uns 12 ou 13 anos quando assisti a “A Primeira Noite de um Homem”. Eu estava bastante interessado em ver a história tão conhecida do Dustin Hoffman com a Mrs. Robbinson e sua filha – e não entendia o motivo de passarem tanto tempo filmando o Dustin boiando na piscina, olhando o aquário ou encarando o teto. Tanta coisa melhor pra fazer.

Bem, hoje eu gostaria de saber o motivo de passarem tanto tempo focando aquele triângulo amoroso. Tanta coisa melhor pra fazer.

Preciso rever este filme.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Retalhados

[De Setembro. Esqueci de colocar aqui.]

- Você acha que é possível se identificar com algo que nunca viveu?

- Sim, claro. Senão ninguém ligaria para ninguém.

- Não digo isso. Se identificar mesmo, como sentir que já viveu aquilo, mesmo sem ter vivido.

- Por que pergunta isso?

- Estava esperando o filme começar e fui até a livraria. Eu ainda tinha bastante tempo, então decidi ler alguma coisa e peguei um livro de quadrinhos...

- Mas você não lê quadrinhos.

- Sim, mas decidi ler este. Não gosto de começar um romance na livraria e não queria ler um conto ou coisa parecida.

- Certo.

- Mas sei que o livro me pegou. Eu tenho várias diferenças com o personagem principal, mas eu o compreendia de uma maneira que parecia que eu já tinha passado por aquilo.

- E que livro é esse?

- Retalhos.

- Do que se trata?

- Bem, aí que está: nada exatamente especial. A quintessência do filme indie, na verdade. Meio-oeste americano, neve, família religiosa, relações entre irmãos, emoções mal-resolvidas, primeiro amor e primeiro relacionamento sério, música boa.

- É bem indie mesmo. Dèja vu forte.

- Sim, mas eu não consegui apontar um filme em específico que tenha todos, ou mais que dois. Você consegue?

- Agora não especificamente, mas qualquer David Gordon Green antes dos filmes de comédia, talvez. Que música que tem?

- Se passa no começo da década de 90, grunge.

- Hmm. É de quando este livro?

- 2003, 2004, não tenho certeza.

- Como que acaba?

- Não sei.

- Não sabe?

- Não terminei.

- Bem, talvez você sinta que conheça a história porque ela é bem contada.

- Talvez. Não guardo muitas semelhanças com ele, mas de alguma maneira, sinto, ou pelo menos compreendo, o que ele está sentindo, os motivos de suas decisões.

- É só um livro. Você nem sabe o final.

- Não é preciso um final para entender alguém.

- Tudo bem, mas é um personagem. Por que você acha que o entende? Ele é como Holden ou Arturo?

- Não. Bem diferente deles, na verdade. Eu não me vejo como ele, enquanto com os outros dois eu agiria do mesmo modo, quase como um espelho quebrado. Ele não tem nada da energia, inconformismo ou raiva, se quiser dizer, desses dois. Ele é calmo, quase sumindo ao fundo. Preocupado com sua fé, que ele tem questionado, e com a garota que ele ama e a distância entre eles.

- Talvez você esteja crescendo. Arturo e Holden são quase infantis na maneira de ver certas coisas...

- Não são não!!

- Continuando, talvez seus interesses e preocupações estejam mudando. Amadurecimento.

- Por favor, sou um poço de maturidade. Todos sabem. Mas entendo o que você pretendia dizer até este ponto... Sabe, estou envelhecendo.

- Mais do que isso: você tem que fazer escolhas...

- Eu tenho que fazer escolhas.

- Você vai ler o final?