domingo, 20 de dezembro de 2009

Também a lama é molhada

Talvez eu devesse ter me importado mais. Com toda a falta de tempo, e minha tendência auto-destrutiva, as últimas semanas foram marcantes – no bom e mau sentido.

Além de empregar todas as técnicas possíveis para me atrasar (descobrir discos e músicas na véspera, começar um bom livro dias antes, assistir qualquer porcaria na TV a qualquer hora), a exaustão do fim de ano tomou-me de uma maneira muito maior que o previsível. O resultado não foi muito positivo na minha vida profissional e acadêmica, o que não me deixou feliz, claro. E o que fazer nesses dias para se livrar do cansaço, da raiva e da insatisfação?

Ir ao show do AC/DC em São Paulo, logicamente.

Foi incrível. Os jornais afirmam que é a maior estrutura já montada para um show, porém o que importa é o rock – e com a história da banda, eles poderiam fazer sem cenário algum e ainda seria o show do ano (desde que com vários amplificadores).

Já havia ido a outros shows grandes de rock, mas nunca sozinho na pista – o que confere outra visão sobre a apresentação como um todo. Esta falta de compromisso com um lugar ou com pessoas permite uma circulação maior ao mesmo tempo em que você fica dependente da vontade da massa: se ela quer se aproximar, você se aproxima, se quer ir mais para a direita, você vai junto – pelo menos era assim que eu pensava, pois o resultado foi bem diferente.

Talvez por ser a única apresentação no Brasil, ou a primeira em mais de 10 anos no país (e provavelmente a última, dada a quilometragem da banda), o público de 70.000 pessoas no Estádio do Morumbi comportou-se como parte de um culto. Nada de empurra-empurra ou grande quantidade de drogas e bebidas sendo consumidas: todos queriam absorver ao máximo a experiência de testemunhar um show dos caras. E foi foda. Nem a chuva antes do show ou o calor durante atrapalharam – para se ter idéia do bafo provocado pela multidão, meus óculos embaçavam e volta-e-meia eu precisa tirá-los e balançá-los no alto, vez que era só pulando para sentir ar puro, livre de suor. Por sinal, arrancar a capa de chuva plástica após a apresentação, enquanto o público dispersava, foi quase tão catártico quanto o show.

Entretanto, sempre tem algum pau-no-cu, e talvez por se tratar de São Paulo, as coisas são muito maiores. Exemplo: dois imbecis com as piores camisetas que já vi em shows de rock. Um deles com uma escrita “This is the worst day of my life”. Porra, o quê está fazendo ali então? Vai pra casa encher a cara, pule de um prédio, mas suma! O segundo, difícil saber se era pior, com o verso “Vou-me embora pra Pasárgada”, com direito a caricatura do Bandeira. Olha, não basta ser feia e de escolha “intelectual” discutível, mas precisa ser muito babaca para usar isso em público, ainda mais em uma noite como aquela.

Sem mencionar que aprendi que “suave” é o novo “susse”.

Fora isso, tudo perfeito.

Até estar de volta. A lama não sai fácil.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Rivers on the way

Possivelmente as semanas mais ocupadas dos últimos meses. Trabalhos, textos, provas, ensaios, decisões. Prazos apertados ou encerrados, alguns Rubicões para cruzar e muita correnteza para vencer ainda.

Com cada segundo valendo mais, a última coisa que eu precisava era algo para preencher minha mente que não fosse o estritamente necessário.

E eis que surge Rivers Cuomo.

Weezer lançou um disco novo e mesmo ainda não tendo escutado inteiro por falta de tempo, posso dizer que pouco me importa o que ainda resta - e isto inclui as músicas e minha agenda.

Volto depois. Menos seco.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Notas dissonantes

- Me considero uma pessoa multifacetada.

- Ah é? Hum, não sei se isso é bom.

- Por quê Ban?

- Bem... isso torna uma pessoa menos confiável, não? Se ser duas-caras não é bom, imagine sete ou vinte. Isso pra não dizer esquizofrênico.

- E o que você se considera?

- Eu diria que sou surpreendentemente honesto. Não consigo criar versões minhas diferentes do que realmente sou nem esconder o que penso ou sinto.

- Isso parece muito chato.

- Não, não é. Não é um tom só. É como um instrumento musical; consigo alcançar várias notas, mas isso não muda o que sou.

- E o quê você é?

- Eu sou um sax.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Deus dá, Deus tira

Alguns meses atrás, conheci uma das garotas mais adoráveis dos meus últimos tempos. Esbarrei nela em um bar, conversamos, foi legal, mas ela estava ocupada naquela noite, então ficou por isso mesmo. Semanas depois, nos esbarramos de novo, e desta vez ela não estava indisponível. Verde para um lado, verde para outro - e eis que surgem uma amiga minha e um amigo dela, para dar fim a qualquer tipo de quadro que estava sendo produzido.

Bem, paciência. Não achei um fracasso total e imaginei que poderia encontrá-la novamente com as informações que trocamos (nada tão direto como telefone, apenas menções a redes socias de que fujo). E então, semana passada, dia de fazer a troca de livros.

Explico: como ninguém é bobo e somos obrigados a lutar por alguns exemplares na bibliotecada faculdade, eu e meus amigos trocamos a titularidade do livro e assim todos podem manter o que querem. Isso significa, semana sim, semana não, levar uma pilha de tijolos e é exigida certa logística - todos devem estar presentes para fazer a troca, lembrar em nome de quem está o quê, etc.

Eu e meus comparsas estávamos a caminho da biblioteca e minha parceira de troca extremamente mal humorada, extra-sensível e esperando apenas o fim do ritual para poder ir embora. Foi quando, a poucos metros do nosso destino, a minha amiga, a mesma que tinha empatado o papo naquela vez, começou a gritar o nome da menina, com "Ban, é ela, É ELAA". Morri de vergonha, imaginei que minha amiga estava louca, mas, quando me virei para comprovar, era a menina mesmo - que me respondeu com um sorriso sincero (ao invés do aceno constrangido à indiscreta).

Nunca iria imaginar ela na mesma faculdade, e no mesmo horário, que eu. Seria o mesmo curso? O que ela estaria fazendo ali?

Estava me preparando para ir em sua direção quando percebo o olhar aflito da minha parceira de exemplares: "A gente tem que trocar isso agora. Eu preciso ir embora".

Pesando as duas opções, tive uma conclusão lógica: trocar imediatamente e ir falar com a bonitinha logo depois. Ela estava conversando parada com uma amiga, não iria sair dali.

Dois minutos depois, subi as escadas correndo para encontrá-la. Ela não estava mais lá. Dois minutos!

Procurei por toda a faculdade, inclusive em todas as salas do bloco onde a vi. Ela tinha desaparecido.

Deus insiste em tornar-me ateu.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

- Eu odeio o mundo que me cerca.

- Ban, mas é o único que você tem!

- Obviamente.

sábado, 19 de setembro de 2009

Passei por aqui apenas para dizer que o mundo não é justo. E que eu estou só.

(ou algo parecido)

domingo, 6 de setembro de 2009

Mixed emotions

- E o cd que te fiz? Você já escutou?

- Er... sim... É bom.

- Gostou?

Pensei "é agora". Mais um momento de nossa coleção particular de diálogos com duplo sentido que eu desconheço. Se ela queria dizer "entendeu o cd?" eu teria que responder se eu consigo lidar com tudo aquilo. E eu não consigo.

- Bem. Acho que é por aí mesmo.

- Você viu que eu coloquei Ryan Adams especialmente pra você?

- Vi. Ei, como assim? Não tem nenhuma do Ryan!

- Como assim?? Coloquei várias!

- Tem umas 40 músicas, nenhuma dele.

- Ban, eu coloquei mais de cem faixas no cd. Vai ver o teu rádio que não quer trabalhar.

Cheguei em casa e fui escutá-lo. Confesso que fiquei ansioso como uma criança no Natal. Será que ganharia o que eu esperava? Ou escutaria a resposta anterior, em uma dose mais transparente? 

Play. 

Quatro do Ryan, Generator do Foo Fighters (que ela sabe que é uma das minhas favoritas), Weezer, Who, e a sequencia final: "all I want is you" de Barry Louis Polisar (um hino de amor-folk-nerd), "anyone alse but you" no cover de Juno (música pilar do gênero amor-folk-nerd), "naive" do Kooks, "my heart" do Perishers ("it's my heart you're stealing/ it's my heart you're dealing"), "you can't hurry love" do Concretes, "learning to fly" do Tom Petty. 

Putz. Ela me ama.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Como ler músicas

Beatriz me deu um cd. Não qualquer cd, mas um que ela mesma fez. Conheço a Bia faz alguns meses e estamos bem próximos agora.

Não sei o que somos. Amigos, claro, mas a maneira que ela me trata é diferente da relação dela com outros amigos nossos. Há um carinho maior, uma honestidade mais comprometedora de ambos os lados. Então entra minha auto-denominada "ética": nada com amigas. Se você quer uma guria, saia, mas não corra o risco de perder alguém que se tornou importante para você. Chame de covardia, se quiser. Mesmo assim, funciona. Posso não estar namorando, mas quem disse que esse é um objetivo meu? Uma amizade hoje vale mais que uma ex amanhã.

Bia não é uma garota normal. Ela, assim como eu, vê música como algo especial. Mais que sons e melodias, elas são como fotografias de um momento do mundo, de um artista ou da alma do ouvinte - isso sem mencionar as letras. Um de seus filmes favoritos é "Nick and Nora's infinite playlist", sobre um casal que se ama através das músicas que compartilham. Pelo menos, é o que eu entendi, já que não vi o tal filme.

Portanto, quando ela chegou perto de mim e me entregou um cd com meu nome e um ponto de exclamação - firme, mesmo com a caneta falhando -, eu fiquei sem saber como reagir. Agradeci e coloquei no velho rádio do carro.

Minha primeira surpresa foi como me senti ao colocar o cd dentro do som. Sabia, já naquele momento, que a lista de músicas escolhida seria algo dotado de significado, talvez contendo a resposta para o que somos, afinal.

Música um: Sex on fire, do Kings of Leon. Aqui entra a grande questão do texto. Interpretar músicas sob a significação de outra pessoa é dificílimo, especialmente quando a pessoa é misteriosa para você. Uma verdadeira arte. Mesmo assim, vamos tentar. Por exemplo, esta primeira música pode parecer uma declaração de teor sexual mas serve, na verdade, para lembrar da primeira vez em que saímos, sozinhos, à noite. Foi durante essa música, exatamente, que eu senti que não passaríamos da linha vermelha e permaneceríamos na chamada "friends zone", onde todos são amigos e não há dúvidas a respeito. Obviamente, o fato de estarmos tecnicamente na friends zone, torna os sinais mais confusos para mim. Talvez, não haja sinal algum.

Mas perceba o significado para nós desta música para abrir um disco. Imaginei que as coisas não ficariam mais simples.

Música dois: Jerk it out (The Caesers). Lembro que tocou na promeira vez que ela me deu uma carona. O carro estava parado e comentei que eu gostava bastante dessa música; quando comecei a dizer que tocava em um programa que pensava que só eu assistia, ela falou o nome na hora. Na hora. Fui tomado de um impulso e a abracei. No entanto, foi um abraço de amizade verdadeira. Acho que foi isso que ela quis mostrar: um abraço musical para mim.

Póximas: três de bandas aqui da cidade, que ela sempre afirmou que eu precisava conhecer. Divertidas, mas não possuem alguma particularidade para análise mais profunda.

A sexta música é um cover do Franz Ferdinand (uma das melhores bandas em atividade, em opinião recíproca) que eu não conhecia de All my friends. O título fala por si só. My friend. Pelo menos eu adorei a faixa.

Strokes, Juicebox: "why won't you come over here/ we've got a city to love". Opa, bom sinal. Julian Casablancas gritando a plenos pulmões "you're so cold". Péssimo sinal.

Seguinte: Start me up dos Rolling Stones, a maior banda do Universo. "If you start me up I'll never stop\ I've been running hot \You got me ticking gonna blow my top". Não creio que seja um convite. Está parecendo mais uma auto-propaganda. Provavelmente é. "If start me up\ give it all you got". Ok, é uma auto-propaganda.

Começou You don't love, do Kooks. "You don't love me the way I love you". "You kill my heart just to see if I will rise". "You don't love me you don't care". Estaria diante de uma condição do passado dela?

Supergrass com Alright. Música que parece comercial sobre amizade.

Fast foward.

That thing you do, Wonders. "Breaking' my heart into a million pieces\ Like you always do.\ And you, don't mean to be cruel.\ You never even knew about the heartache\ I've been going through." Por mais que o refrão fale em não conseguir resistir agora, parece, pelo contexto, que este trecho é o importante. Repare pelo próprio verso que me desculpa, no melhor estilo "tudo bem, você nem sabia o que estava fazendo".

Próximo do fim agora. Acho que tudo se resume às próximas: um álbum pode ter ótimas canções, mas se o final é ruim, perde completamente sua qualidade. A conclusão pode até salvar um disco. Nunca acreditei tanto nisso como enquanto escutava o cd da Bia.

Penúltima: uma gravação de época de "You can't always get what you want" dos Stones. Uma das maiores canções que o rock concebeu. Uma das minhas favoritas também. Hino absoluto. Não tenho nem o que comentar. "You can't always get what you want.\ But if you try sometimes, yeah,\ You just might find you get what you need!". Pouco me importa o resto da letra.

Música final. Já tinha uma idéia do significado do disco, mas tudo ainda dependia desta. Poderia ser uma piada até ali, ou eu interpretado errado. Pode ser. Isso acontece bastante. Os três segundos que separam uma faixa da outra foram longos.

A escolhida por ela foi "Você não soube me amar" da Blitz.

Nunca me mandaram à merda de uma maneira tão agonizante.

domingo, 9 de agosto de 2009

Ficando estúpido por viver apenas no trajeto trabalho-casa-trabalho e impossibilitado ir a lugares fechados com mais de cinco pessoas (para meu azar isso inclui bares e cinema), pensei na minha única possibilidade restante: o museu.

Fui na manhã de sexta feira mais fria do ano. Tinha mais de cinco pessoas (umas 10 no total), mas é surreal se deparar em uma ala inteira só pra você no MON. Vocês podem imaginar.

Recomendo. Fui para o trabalho mais calmo - e aprendi que é melhor manter distância de obras que usam o magnetismo em sua disposição. Vocês podem imaginar.

sábado, 1 de agosto de 2009

As pessoas ao redor estão ficando loucas com a tal gripe suína. Todo tipo de aula foi cancelado, as pessoas cochicham a respeito e olham para quem espirrou como se tivesse o ebola - sei bem disso não porque tive o ebola, mas porque tenho espirrado ultimamente. Nada grave, mas no clima de paranóia atual é o bastante para despertar pena e tensão nos outros.

Não que eu não esteja acostumado a despertar estes sentimentos normalmente.

domingo, 12 de julho de 2009

Praia vazia

Eu ouvia as ondas quebrarem, sentia a areia fria nos pés. Não havia outra pessoa à vista.


- Bandini, ninguém mais vem aqui.


Lembro quando eu percebi isso. Estava na oitava série. Minha praia tinha esvaziado e eu passei a ser seu único frequentador. Bom, as pessoas vão a outras praias cedo ou tarde, pensei.

Com o tempo encontrei outros naúfragos ou eu também mudei de praia e não percebi, não faz diferença.


Não pensei mais no assunto. Até alguns dias atrás.

A maré está mudando diante de meus olhos. É sutil, mas posso perceber. Conheço o mar daqui.

E eu não sei se vamos ficar aqui mesmo ou se vamos todos nos mudar. Sei que não quero ficar sozinho na praia de novo.

what ever happened?


Eu tenho uma amiga que não via há anos. Ela foi determinante em minha vida. Entre outras coisas, me ensinou que uma existência sem piadas não conta, que não se deve fazer concessões para ser compreendido por outros, que não é preciso se preocupar com tudo, ou com qualquer coisa, o tempo todo. Muito do meu humor é consequência da influência dela, bem como parte de minhas reações frente a certas situações. "Foda-se", dizia. Eu ainda digo.


Não lembro como perdemos contato. Lembro que fomos para colégios diferentes e passamos a andar com pessoas diferentes. Acontece. Na última vez em que nos vimos, ficamos em um silêncio que não era constrangedor, mas apenas insistente. Tínhamos carinho um pelo outro, mas não era mais tão divertido ou profundo. Acontece.


Trombei com ela em um bar semana passada. Eu estava com uns amigos da faculdade, ela com a mesma amiga dos tempos de colégio que andava com a gente.


Estava realmente feliz por vê-la, saudade mútua. Conversamos. A amiga acabou sumindo com um cara e nós aproveitamos para falar a sós em uma mesa. Ela mais pra lá que pra cá e eu alegrinho.


Lembrávamos do passado e contávamos o que aconteceu com cada um nos últimos anos. Ela tocava nas minhas mãos às vezes. Acontece, ué. Estávamos de volta, como se nenhum dia tivesse passado desde os tempos áureos. Bem próximos.


Ela pegou na minha mão e ficou examinando.


- Você continua sem cortar essa unha.


Eu ri.


- O pior que eu ia cortar hoje, mas pensei ah, ninguém vai reparar nisso. Mas você já sabe que ela encrava se eu não deixar essa barra.


Houve uma pausa.


Então eu lembrei de um assunto, alguma coisa inútil que era engraçada. O tópico entrou com naturalidade, ela respondeu como de costume, afinal a gente sempre engrenou assuntos sem coesão aparente.


Não lembro quando as mãos se soltaram. Pensei simplesmente que a inspeção havia acabado.

três apostas

Eu não aposto. Em nada. Nunca. Simplesmente não acredito nisso. Se eu estou certo, isso já me basta. Acho até cruel ganhar em cima da derrota alheia. Também não gosto de jogos de azar ou coisa parecida, gosto demais do meu dinheiro para confiar em algo tão abstrato quanto a sorte.

Até que semana passada eu ignorei tudo isso - três vezes.

*
O pessoal do escritório (nunca na minha vida imaginei que usaria "o pessoal do escritório") estava organizando um bolão para a mega sena acumulada. Entrei. Eram 54 (?) milhões, é preciso dar uma chance a sorte, pensei. Como vocês podem perceber apenas pelo fato de eu estar escrevendo aqui e não me divertindo em Oslo, perdi.

**
Eu e aquela minha amiga do post passado entramos em uma discussão pra ver quem tinha escrito "A minha menina". Ben Jor, dizia ela. Claro que não, é dos Mutantes mesmo!, Óbvio. Nossos amigos se dividiram e botaram lenha na fogeira: "tô com ela!" ou "mas tem jeitão de Mutantes". Sei que ela conseguiu me fazer apostar, coisa inimaginável. Valia uma cerveja, só uma porque eu ainda não esqueci completamente quem sou. Maldito Jorge Ben Jor... Perdi.

***
Saí do trabalho conversando com aquela menina que eu falei, um pitéu. Como a conversa estava boa, saímos do prédio e ninguém queria cortar. Chovia uma garoa lenta, fina e gelada e a rua do escritório encana mais vento do que eu poderia supor. Convidei ela pra tomar um café comigo, fica logo ali na esquina. Ela recusou, vai ficar tarde. Eu te levo em casa, é caminho. Não, não. Continuamos conversando. Por mais vinte minutos - o que naquele tempo significa uns 50. Mas não nos incomodávamos com a chuva. Nossas cabeças formaram um arco e entramos em um ritmo de conversa inteligível para quem passava pela calçada estreita. Quando parecia que tínhamos passado uma hora falando, ela disse que precisava ir, mesmo. Ofereci mais uma vez uma carona, não é fora do caminho, mesmo.

Eu entendi. Perdi mais uma. No bolso dói menos.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

oh Nina I can't be your boyfriend

Ando meio desaparecido - ou desaparecendo - mesmo. Não sei como, mas meu temperamento tem me surpreendido: ou não quero fazer nada ao final do dia, esgotado, ou quero botar a cidade abaixo - e não faço nada.

A surpresa fica pelo fato de eu ser a pessoa mais constante que eu conheço. Até agora.

Preciso aprender a lidar com isso.

Mas, de volta, várias coisas aconteceram nos últimos fins de semana, inclusive novos tais "experimentos antropológicos", os quais renderam alguns textos - que não serão publicados até próxima notícia. Não gostei deles (se bem que não gosto de nenhum, na verdade) e achei melhor me poupar de dar a língua nos dentes (o que não faz sentido, pois é pra isso que criei este canto).

E estou aqui, esperando o professor liberar a última nota de um semestre e repassando mentalmente os últimos eventos.

Um dos melhores foi, sem dúvida, o show do Jens Lekman na Invasão Sueca, na última quarta (17). A última já tinha sido ótima (Shout out louds, bem divertido em doses médias, e Club 8, que vale muito a pena procurar), mas esta foi especial (e uma de dois pode tornar-se especial?). Estou escutando uma música dele agora, de onde saiu o título do post. A música de Jens é diferente, descompromissada porém bem pensada e romântica - pois é, romântica. Fui com uma amiga minha, nova.

Amiga mesmo, pois sempre soube separar essas coisas. Eu escrevi sobre ela faz um tempo e não publiquei. Antes de mais nada, não aconteceu nada. Mas foi bem legal. Mas depois do show a gento só se viu hoje, segunda. Mas não é que eu fiquei com saudade?

Logo eu? Sentindo falta de uma pessoa? E uma saudade diferente da Saudade que sinto de amigos. É algo mais silencioso, mais fraco e mais constante. E eu nem quero nada, sabe? Vai dar merda. Escrevo aqui.

E ainda tem uma guria no trabalho que eu tenho olhado com atenção. Porém, é trabalho. Vai dar merda. Escrevo aqui.

Ou, me conhecendo, não vai acontecer absolutamente nada. Com nenhhuma delas. Evite merdas, salve vidas - mas eu comecei dizendo que eu não me conheço direito mais.

(E nenhuma delas se chama Nina...)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

dúvidas da aula

Por que o professor pronuncia "just in time" desse jeito? Tudo bem que é sobre o Japão e Toyotismo, mas precisa falar como se fosse um grito de haraquiri?

Será que eu perdi a piada? Ou será que meu professor é simplesmente preconceituoso?

domingo, 24 de maio de 2009

I say... take me out

Não sei bem o motivo, mas adoro fazer excursões antropológicas. Funciona assim: eu vou a algum lugar ao qual não pertenço, e ganho uma boa história - na pior das hipóteses. Nas melhores, eu me divirto também, o que em se tratando de mim não é difícil. Quanto ao modus operandi, não há. Eu não me fantasio, não faço pesquisa, apenas caio de pára-quedas e observo. Nem vou entrar no mérito do impacto da minha presença na cena, afinal isto não é uma pesquisa, muito menos séria. Apenas gosto de ver pessoas diferentes e modos diferentes de pensar (isso não significa que eu siga a regra "em roma, faça como os romanos"). Talvez porque eu tenha uma aparência um pouco genérica eu consiga me inserir em vários lugares diferentes. Talvez eu esteja procurando um lugar para mim neste processo.

Mas, resumindo, eu adoro um programa de índio. Eu faço este tipo de coisa de vez em quando, quero ver se conto uma ou outra aqui.

Tudo isso pra dizer que fui no (eu sei, deveria ser ao) Wonka ontem. Eu costumava ir lá sem intuito "antropológico", era um bar que eu gostava de ir mesmo. Fazia um tempão que eu no ia e... o bar que eu ia sumiu. Fila pra entrar, pra pagar, pro bar (!) e até pra dançar (!!). Eu sei, o lugar é pequeno mesmo, mas o movimento mudou muito. Wonka era hype e agora virou moda. Perdeu aquele estranho senso de comunidade; tinha um pessoal esquisito, mas digo esquisito afetuosamente. Agora, todo mundo vai de colete e fazendo estilo - não que os esquisitos antes não estivessem fazendo um estilo, mas você sabe quando algo é real. E não é mais.

Nem a música; eles sempre traziam o mais novo e desconhecido, o som que poderia tocar daqui umas semanas em (poucos) rádios. Cheguei lá e só música "velha": take me out do franz, bloc party... as mais recentes eram that's not my name e use somebody (que merece um tempo de luto desde que até o nx zero fez cover). Eu sei, meio tia velha este discurso, mas o que eu posso fazer se é verdade?

Talvez a verdade seja que eu estou fugindo do assunto: o que aconteceu mesmo ontem. Mais uma vez eu agi daquele jeito.

Mas isto fica para próxima.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Eu odeio quando escapa pelos meus dedos. Odeio.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Da arte de filtrar o que você fala

Professor - ******i, algo de errado com o que estou dizendo?? Te ensinaram diferente? Porque até agora você não parou de sorrir e dar risada.

eu - Hã? Desculpe, acho que não. Estava em alfa.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Existe uma religião do Calvin & Haroldo? Sério, toda a verdade sobre minha pessoa está em Calvin.

É quase frustrante saber que sua vida não vai superar três quadrinhos.