domingo, 24 de novembro de 2013

Eu, apanhador

Para comemorar meu um ano de emprego, fica o registro de uma conversa com uma amiga mais nova ocorrida 14 meses atrás. Estávamos na calçada em frente ao café, já nos despedindo, quando retomei um assunto que ela havia comentado por cima.

- Então, você largou o estágio de vez?

- Sim, Ban, larguei. Não aguentava mais.

- Eu lembro do que você me contava. Parecia ruim mesmo. E você não vai procurar outro.

- É, eu quero, sei lá, estudar nessa reta final da facul. Terminar a mono, coisa assim.

- Aham. Mas... você já sabe o que você vai fazer? Depois de - 

- Não, não sei.

- É complicado, mas... Olha, se você pretende procurar um escritório, é melhor fazer já. Senão você vai ficar igual a mim.

- É. Eu não quero... Ah, desculpa.

- O quê?

- Nada, nada.

- O que foi, Lu?

- É que... eu não sei o que fazer!

- Normal. Olhe para mim.

- Mas é por isso mesmo!

- Hã?

- Ban, eu sempre te admirei. Você pode fazer tanta coisa! Você é melhor que esses babacas todos. E... ah, esquece. Não quero te magoar.

- Não. Diga, vai.

- Você tá aí. Perdido. O que você está fazendo?

- Não sei também. Leva tempo para saber.

- Eu sei que eu não quero ficar como você está agora. Eu quero, sei lá, alguma coisa que eu ainda não sei, mas eu penso em você, que eu sempre tive como exemplo, e tá assim... Eu... Eu não quero ser como você. Não quero isso pra mim. Desculpa. Te magoei? 

- Não.

Rimos.

- Ok, sério. Na verdade, fico feliz por você pensar assim. Você pode decidir melhor agora. E ainda pode pensar em mim como exemplo, mesmo que seja do que não fazer.

- Você é melhor que esses babacas todos mesmo.

Eu realmente fiquei com uma ponta de orgulho. Eu nunca havia imaginado essa admiração toda, mas a sensação de dever cumprido vinha de que eu sabia, então, que eu havia salvado uma do precipício maluco.

Pelo menos uma, pensei.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Jens Lekman já sabia

Things get more complicated when you're older
before you know it you are somebody's soldier


E quando você se pergunta onde e quando se alistou, o fuzil em sua mão já foi usado.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Ryan Adams já sabia

So, I am in the twilight of my youth
Not that I'm going to remember


E a letra tornou-se tão real quanto parte do passado mais rápido do que eu jamais poderia supor.

domingo, 19 de maio de 2013

Atualização

Muito aconteceu nos últimos meses - e mais ainda nos últimos dias. 

O motivo de silêncio por aqui eu pensei que soubesse: seria por, finalmente, eu ter deixado de ser a pessoa mais patética de minhas observações, não sendo cabível aqui embaraços que comprometam qualquer um além de mim mesmo. 

No entanto, não é nada disso. Eu simplesmente percebi que pensamentos importam. Que opiniões não brotam da terra. Conclusões são frutos de trabalho árduo. Idéias precisam ser calmamente nutridas. Histórias são especiais pelas pessoas presentes nelas.

E é preciso ter cautela e reserva para não correr o risco de banalizar nenhum dos anteriores.

Enfim, percebi que o que eu escrevo diz respeito, acima de tudo, a mim e para mim.

Vai na contramão de 90% das pessoas da sociedade atual, pode ser, mas não sinto necessidade de compartilhar ou exibir nada. Pelo contrário. Percebo que o pouco que penso, concluo, vivo, é precioso e não deve ser espalhado ao vento. 

Digo "precioso" não por conter grandes verdades - meus pensamentos são pífios, minhas conclusões contraditórias, as idéias equivocadas. Mas são todos frutos da minha história. Fazem parte de quem eu sou. Não sou arrogante a ponto de me intitular único, convenhamos, apenas não quero me espalhar por aí. Vamos deixar isso às cinzas.

(Não estou encerrando as atividades aqui ou em lugar nenhum. Apenas revendo pontos importantes.)