domingo, 12 de julho de 2009

três apostas

Eu não aposto. Em nada. Nunca. Simplesmente não acredito nisso. Se eu estou certo, isso já me basta. Acho até cruel ganhar em cima da derrota alheia. Também não gosto de jogos de azar ou coisa parecida, gosto demais do meu dinheiro para confiar em algo tão abstrato quanto a sorte.

Até que semana passada eu ignorei tudo isso - três vezes.

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O pessoal do escritório (nunca na minha vida imaginei que usaria "o pessoal do escritório") estava organizando um bolão para a mega sena acumulada. Entrei. Eram 54 (?) milhões, é preciso dar uma chance a sorte, pensei. Como vocês podem perceber apenas pelo fato de eu estar escrevendo aqui e não me divertindo em Oslo, perdi.

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Eu e aquela minha amiga do post passado entramos em uma discussão pra ver quem tinha escrito "A minha menina". Ben Jor, dizia ela. Claro que não, é dos Mutantes mesmo!, Óbvio. Nossos amigos se dividiram e botaram lenha na fogeira: "tô com ela!" ou "mas tem jeitão de Mutantes". Sei que ela conseguiu me fazer apostar, coisa inimaginável. Valia uma cerveja, só uma porque eu ainda não esqueci completamente quem sou. Maldito Jorge Ben Jor... Perdi.

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Saí do trabalho conversando com aquela menina que eu falei, um pitéu. Como a conversa estava boa, saímos do prédio e ninguém queria cortar. Chovia uma garoa lenta, fina e gelada e a rua do escritório encana mais vento do que eu poderia supor. Convidei ela pra tomar um café comigo, fica logo ali na esquina. Ela recusou, vai ficar tarde. Eu te levo em casa, é caminho. Não, não. Continuamos conversando. Por mais vinte minutos - o que naquele tempo significa uns 50. Mas não nos incomodávamos com a chuva. Nossas cabeças formaram um arco e entramos em um ritmo de conversa inteligível para quem passava pela calçada estreita. Quando parecia que tínhamos passado uma hora falando, ela disse que precisava ir, mesmo. Ofereci mais uma vez uma carona, não é fora do caminho, mesmo.

Eu entendi. Perdi mais uma. No bolso dói menos.